sábado, 13 de agosto de 2011

Sobre militância e partidos

Muita gente sabe que tou numa de militância nos últimos anos, mas não me filiei a partido algum e não sei se vou.

Acho que meu principal receio é que, quando uma pessoa se filia, tende a ser vista como porta voz de um partido inteiro e só como isso, ou seja, a pessoa vira “fulano do partido tal”. Não quero isso pra mim. Prezo sobretudo pelas liberdades individuais e realmente me incomodaria ser identificada dessa forma.

Outro ponto é que é muito comum é militantes levarem pautas dos seus partidos pros espaços onde militam. Não deveria ser o contrário? Quer dizer, os militantes não deveriam enxergar as necessidades de certos grupos e levá-las aos partidos e demais militantes? Acho isso uma inversão terrível e muito problemática, porque nem atende ao que a população quer e ainda vem um certo ar de “quero educar você” ou “há causas mais importantes”.

Pode ser ingenuidade minha, mas acho que toda causa merece consideração, seja pra concordar e lutar por ela ou pra discordar e mostrar como é absurdo – por exemplo, o caso do orgulho hétero – e, pra minha satisfação, não é necessário ser filiado a partidos pra se juntar a movimentos.

O ponto principal é: militância é diferente de partidarismo. Todos sabem o quanto simpatizo pelo PSOL, mas, mesmo que um dia me filie, não vou levar pautas pra movimentos que não tenham a ver. O que me interessam são justamente os movimentos mistos e apartidários, como o Pró-pós da Unicamp e a Marcha das Vadias.

O reajuste de bolsas de pós não entrou pra pauta de ninguém e digo que fiquei meio desapontada com os partidos em geral por isso. O Pró-pós, bem como a Marcha das Vadias, não serão instrumentos partidários, mas agradecemos a quem, de direita, esquerda ou centro, quiser nos apoiar, porque são causas que afetam a população, aquela que deveria encontrar representação independente de interesses partidários, certo? Ou entendi tudo de política errado?

4 comentários:

Letícia disse...

Se vc aprendeu errado, eu tbm aprendi ;)

Thiago disse...

Achei muito boa a sua colocação sobre não levar as causas partidárias para locais que nada, ou ao menos pouco, tem a ver com elas. É um dos maiores cânceres do famigerado ME, e só ajuda a alienar os alunos da discussão política séria sobre sua própria realidade.

O tema do reajuste das bolsas é nacional, mas está ainda pior no Rio. Os alunos do CBPF vindos de outros locais estão tendo dificuldades até para conseguir alugar um quarto, o aluguel aqui está nas alturas. Não acho que saia nada este ano, mas temos que fazer alguma movimentação para sair algo ano que vem.

Amanda disse...

Thiago, há algumas manifestações e a ANPG tem cobrado (embora tenha minhas ressalvas e elas sejam muitas em relação a tal entidade).

O problema é q o pessoal não conversa sobre isso, ou só conversa até chegar sua vez na fila da bolsa. O movimento nacional mesmo tá muito fraco e partidarizado.

Eu jamais imaginaria cbpf com problema em relação a bolsas.

Mas vc tem alguma sugestão? Começar algum grupo em fb ou lista de e-mails e fazer um movimento independente da anpg (mas não necessariamente excluindo a mesma).

Thiago disse...

A APG do CBPF tem um grupo (http://groups.google.com/group/apg-cbpf), e o tema do reajuste tem sido levantado com frequência. Não faltam bolsas, o problema é o valor. O aluguel de um apto de 2 quartos no Catete está em R$2500. Na Tijuca, consegue-se alugar pela metade desse valor, mas já fica bem mais complicado pra quem não é do Rio (e ainda é muito caro).